SUICÍDIO

SUICÍDIO

 

Atualmente o suicídio tem se colocado como uma das principais causas de morte, tanto de crianças e adolescentes como de adultos. Virou, na verdade, epidemia. Epidemia significa, segundo Dicionário Online, “doença de caráter transitório, que ataca simultaneamente grande número de indivíduos em uma determinada localidade”. Essa terrível doença, que tem provocado a morte de inúmeras pessoas, inclusive muitas que não são anunciadas por conta da vergonha e do medo do julgamento, pelas famílias, pode ser considerada uma verdadeira chaga da humanidade hoje.

Sempre houve casos de suicídio no mundo. Porém, não tanto como hoje.

Nas constelações sistêmicas o suicídio tem um significado especial. Dinâmicas do amor cego, infantil, que tem a ver com o pensamento mágico e que envolvem as lealdades sistêmicas, nos contam sobre o desejo da criança de seguir os pais e outros familiares na morte, de pagar o preço dos ancestrais pelos desequilíbrios, por traumas ocorridos no passado. A criança cresce, mas o amor cego permanece. E, em um dado momento da vida, acontece a tentativa de ir embora.

Essa tentativa de compensação, que não resolve, que não cura traumas do passado pode, de fato, ser olhada a partir de uma constelação familiar.  Cabe aqui um inventário daquilo que aconteceu na família, transgeracionalmente. Investigação da ocorrência de mortes precoces, mortes de pai ou mãe, deixando filhos menores; abortos, mortes durante o parto, suicídios ou tentativas, assassinatos, enganos, expulsões, repúdios, desonras, condenações; adoções, crianças ilegítimas ou que foram abandonadas, são fundamentais para se identificar as dinâmicas do amor cego.

O suicídio é um ato solitário, que parte de um sofrimento profundo e a crença de que a morte é a única solução para os problemas que o suicida tem. E, inconscientemente, parte de um emaranhamento sistêmico.

Independentemente de ter uma origem sistêmica, na medida em que alguém tem o desejo de tirar sua própria vida, precisa de ajuda. Se há uma ameaça, um sentimento de que quer morrer e isso, de algum modo, é manifestado, comunicado aos pais, professores, amigos, colegas, a ajuda deve vir o mais rápido possível. Não se pode ignorar o apelo de crianças ou adolescentes, pensando que esses querem apenas chamar a atenção dos pais ou professores. Se verbalizam, estão gritando por ajuda, acreditando que a morte é a solução e podem, sim, executá-la.

Atualmente as redes sociais têm divulgado sobre suicídio e pais e professores devem, realmente, ficar atentos a sintomas como: depressão, choros desmotivados, desesperos, transtornos no sono e na alimentação, problemas inesperados na escola – tanto com notas como com colegas. Isolamento, dificuldades com os pais ou amigos. Envolvimento em acidentes constantes, graves ou não. Sem falar no uso de drogas, álcool e comportamentos estranhos. Verbalizações em relação ao desejo de morrer devem ser especialmente observadas.

Os games onde se mata e morre todo o tempo, sem aparentes consequências, também são responsáveis por uma fantasia de imortalidade, de que o fim - de fato - não chega. Games desse tipo, onde se mata e se morre, deveriam ser proibidos para crianças e adolescentes, que estão em formação, em desenvolvimento. É como se uma parte de sua alma ficasse conectada com a morte, sem valorizar a vida. Sem considerar a realidade da morte. 

Sempre há situações que desencadeiam o suicídio ou tentativa. Em geral grandes frustrações, bullyings diversos, traumas no relacionamento afetivo, questões escolares como notas baixas, conflitos com amigos. Desestruturação e instabilidade familiar, conflitos que não se resolvem e se arrastam e separação dos pais. A morte precoce de um dos pais também é um dos desencadeadores de suicídios.

O momento atual requer maior atenção dos pais e professores em relação ao comportamento e ao modo como as crianças e adolescentes se comunicam. Eles podem chegar a compreender e aceitar que a morte não é a solução única para seus problemas e dificuldades. Sequer para a manifestação de seu amor cego em relação aos pais e ancestrais.

Através do pensamento sistêmico e da colocação de uma constelação, é possível investigar e criar um movimento no campo familiar, que nos leve a entender e, talvez mesmo alterar o futuro das novas gerações em relação a esse tipo de dinâmica, inclusive de mudar os sentimentos sistêmicos e a própria dinâmica que leva à doença e à morte.

A Constelação Familiar, assim como o auxílio de um terapeuta e, muitas vezes, também do psiquiatra, são recomendados nos casos onde há ameaça de suicídio.

Ana Lucia Braga

Maio de 2018

TEXTO PUBLICADO NO TABLOIDE

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Ana Lucia Braga

Consteladora Sistêmica

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