O QUERER E AS CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS

O querer e as constelações sistêmicas

TEXTO PUBLICADO NO APRENDIZ, TABLOIDE DE RIBEIRÃO PRETO, EM JANEIRO DE 2018.

Nas constelações familiares entendemos que fazemos parte de um sistema. O sistema pode ser descrito como um conjunto de elementos que permanecem unidos ou vinculados em função de um interesse comum ou de forças que os permeiam. “Os sistemas familiares têm uma força muito grande, vínculos muito profundos e algo muito comovente para todos os seus membros – independentemente de como se comportem com relação a eles [...]. A família dá a vida ao indivíduo. Dela provêm todas as suas possibilidades e limitações”, como afirma Bert Hellinger. O  sistema é regido pela consciência de grupo, ou Grande Consciência, que é mais ampla e está ligada anecessidades do grupo e tem como objetivo a manutenção deste. A pessoa, em sua consciência individual, é impulsionada pelas forças do grupo, independente de que delas tenha alguma consciência. É necessário que se olhe para o todo, mas, na verdade, não se tem acesso à consciência do grupo, sendo possível observar e percebero efeito por meio de seus resultados. Nossa consciência individual atua para nos manter vinculados. Ela manifesta-se quase como uma voz. Essa consciência pessoal é limitada tanto na sua percepção quanto na sua dimensão. Ou seja, a consciência pessoal está a serviço do grupo.

Nesse sentido, querer e seus significados (desejar, cobiçar, ter vontade) têm força de conquista na medida em que estiverem em sintonia com o ocorrido no passado e o “autorizado” pela família. A consciência sistêmica funciona como uma bússola, que vai buscar a repetição do evento traumático ocorrido antes ou a lealdade e fidelidade ao sistema familiar vai travar, enguiçar, dificultar aquilo que se quer. A isso chamamos emaranhamento sistêmico. Parece difícil compreender essa ideia. Mas é assim. Quantas histórias conhecemos de pessoas que vêm de uma família muito pobre, ganham na loteria e passado um tempo perdem tudo? Quantas pessoas têm total capacidade, são competentes, e não conseguem o emprego que querem ou não conseguem se manter nele Quantos casais se amam e não conseguem viver o seu amor, repetindo o destino de seus pais, avós e até bisavós? Não se consegue o que se quer. Inconscientemente, seguimos a família em sua miséria e limitações.

O trabalho com constelação possibilita uma nova percepção que, às vezes, nos chega por meio dos sentidos e nãonecessariamente por meio da compreensão e da razão. Ele nos faz olhar para algo, permitindo-nos ser tocados poraquilo, mesmo que nossa mente não entenda. Este trabalho nos permite acessar algo que está presente no sistema e que, muitas vezes, não é compreendido, nem percebido sem se observar o todo. É um trabalho que se ocupa de questões relacionadas a emaranhamentos sistêmicos. É necessário olhar o sistema como um todo. Um todo complexo, no qual a realidade permaneceria oculta, caso se olhasse apenas para o indivíduo. Mas é importante olhar para o campo como uma relação de interdependência entre todos os seus elementos; olhar paraa totalidade, não como a soma de suas partes, mas como o efeito recíproco de elementos, para as interconexõesinvisíveis e intangíveis, assim como para as interrelações. Aí, então, é possível se considerar o querer do indivíduo como algo legítimo e realizável.

 
 
 
 

 

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Ana Lucia Braga

Consteladora Sistêmica

Coordenadora Espaço Terapêutico Isis
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