Constelação Sistêmica Familiar e a Fenomenologia
Mariana Cruz Pacheco
aluna da Turma VI, do Curso de Formação de Consteladores Sistêmicos de Ana Lucia Braga
A entrega ao desconhecido e a importância do olhar para si fundamentam a abordagem feita nas constelações sistêmicas.
Virginia Satir, renomada psicoterapeuta norte americana, desenvolveu a abordagem das Constelações Sistêmicas com bases sólidas provenientes da programação neurolinguística, hipnose e psicodrama. Além dela, muitos outros terapeutas serviram de fonte para os fundamentos dessa abordagem terapêutica. Mas foi Bert Hellinger, com sua experiência em terapia familiar, quem sistematizou as Constelações Sistêmicas e descreveu primeiramente o quanto a questão familiar (não só atual, mas de nossos antepassados), pode pesar nas nossas vidas, nas nossas relações e nossas atitudes aqui e agora.
Permeada por rituais, as constelações ganharam espaço talvez, num primeiro momento, pela curiosidade que geram. No entanto, ao se permitir viver essa experiência, é possível perceber que existe um sentido para tudo que se mostra e que as pessoas podem modificar ou entender a própria história, a partir de uma constelação.
Mas como é possível algo desconhecido se revelar?
A fenomenologia e a descoberta dos campos mórficos explicam o que aparece num trabalho de constelação. Diferentemente da ciência, a fenomenologia pode ser definida como uma experiência pura com o que aparece, sem vícios e sem julgamentos, que permite aos envolvidos uma percepção com os sentidos, mesmo não sendo óbvio à nossa consciência. É a valorização do não saber para que seja permitido ao campo mórfico mostrar o que realmente é necessário ser mostrado para que haja uma mudança na vida do cliente e do próprio campo (sistema familiar).
Essa experiência pura com o que aparece torna-se possível quando desenvolvemos a capacidade de não julgar. O que é, é, livre de intenção, desejo ou medo.
Esse campo mórfico, que é invisível e inconsciente, guarda as informações e a memória que atravessam a vida de todos aqueles que pertencem à determinada família, e, através das constelações, podemos olhar para essas informações e memórias inconscientes e buscar uma solução. No movimento das constelações, o campo mostra o que está oculto, em sintonia com o cliente.
Bert Hellinger descreveu três principais leis, conhecidas como as Leis do Amor: pertinência – todos temos o direito de pertencer, ordem ou hierarquia – quem veio antes deve ser respeitado por quem vem depois, e equilíbrio – equilíbrio entre dar e receber.
Essas leis regem todo sistema e a quebra em qualquer uma delas faz surgir as dificuldades e os pesos nas histórias familiares. Ou seja, o que aprisiona pode vir de outras gerações e gera os chamados emaranhamentos sistêmicos ou lealdades invisíveis, que interferem na vida do indivíduo aqui e agora.
O trabalho nas constelações permite ao cliente olhar para os possíveis emaranhamentos, entender e aceitar a sua história, incluir os excluídos e se colocar em posição de reverência aos pais e antepassados como forma de respeito e gratidão.