CONSTELAÇÃO SISTÊMICA COMO FERRAMENTA PARA CONTRATAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS

Escrito por Ana Lúcia Braga

Agosto de 2016

 

Constelação Sistêmica é uma abordagem terapêutica, também chamada de terapia brevíssima pois, em uma sessão, é capaz de trazer luz e solução a problemas de diversas ordens.

Entende-se que os maiores problemas da vida de um ser humano tem sua origem em sistemas anteriores dos quais faz parte, especialmente de sua família.

Situações não resolvidas, eventos traumáticos, lutos não feitos, situações que trazem pesos para as pessoas, exclusões, em geral influenciam as gerações futuras. As lealdades sistêmicas e o amor, fazem com que aqueles que vêm depois, carreguem uma necessidade de resolver, compensar, incluir, mesmo que o façam, inconscientemente, com seu sofrimento pessoal.

Existem Ordens que atuam dentro de todos os sistemas. As mais importantes são pertinência, hierarquia e equilíbrio. Quando situações vivenciadas pelas pessoas desrespeitam essas Ordens, cria-se emaranhamentos para aqueles que chegam a posteriori.

As empresas também se beneficiam deste método. Empresas ou Organizações são sistemas que contém outros sistemas como, por exemplo, a família de cada um dos integrantes da empresa, assim como todos os outros elementos que podem compor uma empresa (produto, clientes, funcionários, equipe, departamentos, entre tantos outros).

As Constelações Sistêmicas trabalham com o sofrimento das pessoas e também com sofrimentos e conflitos de empresas. Pode-se constelar o lançamento de um produto, ou o fracasso de um projeto, ou a dificuldade financeira, por exemplo. Pode-se constelar uma equipe, um departamento, um funcionário que não está bem na empresa. E pode-se, ainda, utilizar esta ferramenta para a seleção de funcionários.

Recentemente, lancei mão das Constelações para selecionar uma funcionária. Além de uma entrevista, da apresentação da Clínica e do trabalho, sugeri que as candidatas escrevessem um breve texto sobre sua experiência no trabalho anterior, sua relação com sua mãe e suas expectativas em relação à nova empresa - a Clínica (Espaço Terapêutico Isis).

Entrevistei 10 candidatas. E o resultado foi interessante.

Trabalho com as constelações individuais com figuras de diversos tipos. Neste trabalho específico utilizei as figuras de madeira. As quadradas representam os homens e as redondas as mulheres. Há figuras de quatro tamanhos: as menores de todas representam os bebês. As pequenas, as crianças; as médias, os adolescentes. E as grandes, as adultas.

Olhando a configuração das figuras na constelação, dentro do campo de percepção, junto às candidatas, perguntas simples vieram a mente: Como contratar alguém que representa a empresa onde deseja trabalhar como criança, seguida dela (a candidata) também criança, com a empresa anterior adulta e os pais adolescentes?

Quais as consequências em se contratar alguém cuja constelação só tem crianças e um adolescente que seria a empresa onde se deseja a vaga? E alguém que não consegue reconhecer que há uma ordem mínima: “Clínica adulta. Mãe e pai crianças. Candidata adolescente. Empresa anterior adolescente.” E ela maior que os pais... “Clínica criança. Ela criança. Pai adolescente. Mãe adolescente. Empresa anterior criança.”

O material é vasto, mas tomarei apenas algumas observações sobre ele. Poderia relacionar a configuração com o texto em diversos aspectos: o lugar e o tamanho do trabalho anterior comparados com o novo trabalho. O lugar e o tamanho da própria candidata na constelação, onde fica a família de origem, o tamanho dos pais em relação à candidata... No entanto, abordarei apenas alguns aspectos. Por exemplo a relação com a mãe x configuração.

Depoimentos de conflitos com a mãe, de brigas (“não nos damos bem”, “brigamos muito”, “ela é uma pessoa muito difícil”) convergiram com a configuração das candidatas. E, segundo Bert Hellinger, sistematizador do trabalho de Constelações Sistêmicas, dificuldades com a mãe podem impedir o sucesso profissional e, portanto, dificultar as relações com o trabalho.

As candidatas 6 e 7 colocaram a mãe como última na constelação, além de escolherem uma figura de criança para representar essa mãe.

Uma candidata representa primeiramente a empresa anterior, onde trabalhou, como adolescente masculino, a Clínica, empresa onde pretenderia atuar que tem o nome fantasia de Espaço Terapêutico Isis, com uma figura adulta masculina; a Mãe adolescente, o Pai adolescente e Ela também adolescente. Algo interessante ocorre aí. Em seu texto, a candidata faz algumas observações sobre a mãe, (é resignada, foi muito poupada na juventude), mas diz que tem uma relação de amor e respeito por ela. Coloca uma figura adolescente para essa mãe. E o mais interessante é que na configuração, até mesmo na fotografia, apesar das duas figuras (dela e da mãe) terem o mesmo tamanho – duas adolescentes -, vê-se que a última figura da constelação, a candidata, filha, mostra-se maior que a mãe. Como contratar com confiança alguém que julga e se coloca maior que a mãe? E ainda coloca uma figura masculina para o trabalho, um Espaço que é completamente feminino?

A candidata escolhida foi a que disse sentir um profundo respeito pela mãe e ter por ela uma amizade enorme, uma união, uma relação “a melhor possível”.

A configuração dessa candidata apontou também o seu lugar na Ordem. Sua configuração: o Pai, a Mãe, com figuras que representam adolescentes, o trabalho anterior como adolescente masculino, a Clínica como mulher adulta e ela como criança. Verbalizou, após a configuração, ser realmente a última. E, dada a importância do trabalho atual, escolheu para a Clínica, a maior de todas as figuras da constelação. Disse, ainda, que, por ser aspirante à vaga, deveria se colocar por último e ser menor que todos, inclusive seus pais que são e serão sempre os primeiros. E assim é.

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Ana Lucia Braga

Consteladora Sistêmica

Coordenadora Espaço Terapêutico Isis
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