A REPRESENTAÇÃO NAS CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS OU "CONSTELANDO" INDIRETAMENTE

Escrito por Ana Lucia Braga

Ter, 15 de Fevereiro de 2011 15:36h.

 

Todo trabalho terapêutico visa a mudança. A constelação sistêmica não é diferente.

É possível mudar de diversos modos. Presenciar uma cena na rua, assistir um filme, uma palestra, uma aula. Passar por um trauma, uma situação de grande estresse. Todos esses são fatores possibilitadores de mudanças na vida. A condição básica, no entanto, é estar disponível, é querer mudar. Pessoas que assistem a um mesmo filme podem ter percepções diferentes acerca do filme e de tudo que o implica. Assim é também no trabalho terapêutico.

Pacientes com a mesma doença podem receber o mesmo tratamento e reagir de modo diverso. O que se observa nas constelações é a mesma situação.

Estar no “campo” das constelações familiares enquanto elas acontecem, segundo o que dizem as pessoas de um modo geral, assim como aqueles que responderam a uma pesquisa realizada por mim em 2009, implica, por si, a possibilidade de mudanças na vida. Uma participante afirma que, “como "participante convidada", tive momentos semelhantes a quem estava constelando. Assim, percebi que tenho que mudar de atitudes, mas ainda sem saber como...”

As pessoas relatam mudanças, sem configurar seu sistema familiar, em aspectos relacionados a pensamentos, comportamentos e sentimentos.

Uma história interessante ocorreu com uma mulher de 27 anos, em um workshop. Vivia com a mãe. Seus pais eram separados, era a mais nova de cinco filhos. Os outros quatros irmãos eram homens. Segundo ela, tinha um péssimo relacionamento com a mãe, com brigas diárias, xingamentos e nenhum contato físico.

Nunca fora abraçada pela mãe, que a tratava sempre com palavras ríspidas e com cobranças.

Participou de todas as constelações do período da manhã, representando filha, mãe, avó. No retorno do almoço relatou ao grupo que sua mãe, que sequer sabia onde ela passara a manhã, a recebeu com um sorriso e um abraço, a chamou de “minha filha” e a convidou a comer um almoço que disse ter feito para a filha e que se sentia especialmente bem naquele dia.

A mulher ficou bastante surpresa com o resultado da constelação que ainda não havia feito.

Quando se participa de constelações sistêmicas familiares ou empresariais, o “campo”parece se abrir. Mesmo que a pessoa não tenha um ganho de consciência daquilo que ocorre em seu sistema familiar, há uma possibilidade de mudança, com ou sem elaboração mental, pois entra-se em diferentes papéis: mãe, pai, irmãos, tios, avós, assassino, suicida, abortado, por exemplo. E vivencia-se o drama, o conflito constelado naquele sistema, tão diferente e tão igual ao da pessoa que apenas participa.

Em minhas observações, especialmente pelo que os clientes contam após os grupos onde ocorreram várias constelações e houve a possibilidade da participação em muitos papéis, é que sente-se “constelado”, sente-se que seu campo se abriu para que ele pudesse compreender com a alma, a diversidade, a complexidade e as possibilidades / impossibilidades em sua história familiar.

Isso ocorre abordando-se tanto a dinâmica atual na família como situações mais distantes na vida dos pais, avós e outros parentes conhecidos mais próximos.

“Fiquei mais atenta às inter-relações familiares e comecei a perceber e constatar as interferências que o desequilíbrio de um membro pode causar nos demais membros da família”, diz uma participante de constelações.

Ruppert Sheldrake diz que “todos os seres humanos recorrem, igualmente, a uma memória coletiva, para a qual todos, por sua vez, contribuem”.

Nesta representação, os participantes, com a mente expandida, conseguem informações sobre fatos ocorridos no sistema que, de algum modo, comprometem a vida do cliente; inclusive fatos que podem ser desconhecidos ou mantidos no sistema como segredos.

“Percebo que enquanto somente participava como representante nos trabalhos de constelação sistêmica levantava meus pensamentos em relação aos papéis que eu desempenhava dentro das constelações que havia participado. A repetição dos papéis desempenhados me levou a questionar o meu papel enquanto participante de uma vida”, afirmaz um participante de constelação sistêmica, em 2009.

Voltar >

Endereço

Rua Abraão Caixe, 566 Subsetor Sul 3,
Ribeirão Preto/SP, CEP 14020-630

Ana Lucia Braga

Consteladora Sistêmica

Coordenadora Espaço Terapêutico Isis
analuciabragaconstelacao.com.br/blog/
E-mail: anaabbraga@gmail.com

Telefones

(16) 30215490 / 32353339