Escrito por Ana Lucia Braga
Dom, 25 de Julho de 2010 22:08h.
A ideia mística e pré-conceituosa de que o homem só consegue perceber o sutil a partir da experiência religiosa é uma constante em nosso mundo, onde a ciência positiva impregna o pensamento – especialmente o ocidental – e o comportamento das pessoas.
A ciência mecanicista da Idade Média e do Renascimento está viva ainda em nossos dias, paradoxalmente, quando nos deparamos com a tecnologia de ponta, com o “high tech” e a nano tecnologia invadindo nossas vidas das mais diversas formas. A divisão espírito e matéria, mente e corpo, ainda nos ronda. A mente é vista como parte de uma máquina corporal, localizada dentro do cérebro, assim como de todas as complicadas ligações da neurociência.
Isso determina a visão de todo aparato nervoso, assim como todas as percepções humanas que devem ocorrer dentro do cérebro. Ou seja, a mente se localiza no cérebro (Sheldrake, 2004).
Este dualismo entre o material e o imaterial coloca, no campo perceptivo, questões acerca do potencial, da capacidade do ser humano em saber, conhecer e perceber situações mais sutis, imateriais, porém reais.
A neurologia caminha, mas ainda não consegue explicar inúmeros fenômenos.
Nas constelações sistêmicas familiares e organizacionais observamos uma qualidade de percepção que muitas vezes assusta, pela intensidade e realidade com que se mostram.
Esta técnica de trabalho terapêutico envolve a representação, como em um teatro, onde as pessoas entram em papéis do sistema configurado. Nesta representação, os participantes, com a mente expandida, conseguem informações sobre fatos ocorridos no sistema que, de algum modo, comprometem a vida da pessoa envolvida, que procurou pela constelação familiar ou organizacional, fatos que –algumas vezes- são desconhecidos, mantidos no sistema como segredos.
A mente consegue ir onde está o emaranhamento, em “lugares” que fazem parte do inconsciente coletivo. Este é um fenômeno natural para o ser humano e não tem nada a ver com religião.
Publicado no Jornal "O Aprendiz" em fevereiro de 2010.