CONSTELAÇÃO FAMILIAR SISTÊMICA E OS PROCESSOS DE MUDANÇAS NA VIDA

Escrito por Ana Lucia Braga

Sáb, 21 de Fevereiro de 2009 16:19h.

Atualmente podemos contar com inúmeras abordagens em termos de atendimento psicológico ou de desenvolvimento pessoal. A constelação sistêmica familiar e organizacional (empresarial) coloca-se entre os trabalhos que buscam a solução de problemas que muitas vezes são de difícil identificação e resolução, por estarem além da visibilidade e interpretação que habitualmente tem se dado ao sofrimento das pessoas e organizações.

Nesta intervenção terapêutica é possível o aprendizado sobre o quanto são importantes os princípios da ordem, do equilíbrio no dar e receber e do pertencimento (inclusão). Tanto nos grupos quanto no trabalho individual é possível que o aprendizado conceitual e baseado em dinâmicas que sensibilizam profundamente os participantes aconteça.

Esta abordagem tem se mostrado um precioso recurso que vem interferindo de modo poderoso e eficaz nos processos de desenvolvimento pessoal, tanto de indivíduos isolados que procuram as constelações, quanto de equipes e de organizações / empresas. Processos que, como pede os tempos atuais, são cirúrgicos, ou seja, não se alongam por anos a fio.

Tenho observado, através de depoimentos de pessoas que constelaram que são possíveis mudança em diferentes níveis: no pensamento, no sentimento, nas ações e atitudes ou comportamentos. Mudanças que ocorrem inclusive com outras pessoas, sem que estas tenham participado ou tomado consciência da constelação.

Nos relacionamentos a dois, muitas vezes nos deparamos com situações psicológicas, com agendas ocultas que vão sendo construídas ao logo da vida a dois, com situações difíceis que levam ao fim do casamento. Muitas dessas situações, no entanto, remetem-nos à família de origem, a fatos acontecidos e repetidos como padrões sistêmicos, de modo inconsciente.

Fatos que algumas vezes sequer são conhecidos pelo cliente, mas que são muito vivos na memória do sistema e que, de alguma forma são revividos pelas pessoas, numa demonstração inconsciente de amor distorcido.

Seguem alguns depoimentos de pessoas que constelaram: “Primeiro, percebi que meus pensamentos e sentimentos mudaram; passei a entender melhor e compreender situações que não via ou enxergava. Meu relacionamento pessoal com minha esposa mudou para melhor na questão de atenção e compreensão entre nós e, também, passei a compreender melhor algumas situações de comportamento e sentimentos das pessoas que foram envolvidas na constelação”.

“Me surpreendi muito com minha constelação. Pude ver que atribuía culpa ao meu ex-marido por tudo, e não enxergava a minha culpa, também pude aprender a respeitar o jeito de ser dele, e que nosso casamento se originou de um emaranhamento sistêmico nosso. Também pude ver que antes de amar meu ex-marido amava mais minha família de origem”.

“Com meus filhos adotivos a mudança após um ano foi muito grande. A menina, de 15 anos, melhorou o comportamento na escola e nas escolhas da vida. O menino, de 13 anos, aceitou sua origem, optando pela adoção com mais responsabilidade no seu papel de filho. E surpreendentemente eles não foram constelar. Apenas eu constelei em minha casa.”

“A partir da constelação ganhei maior sentido de pertencimento, de raiz, mais preocupação em me fazer presente para as meninas no amparo emocional; mais determinação em buscar solução para os problemas”.

”Na primeira constelação, constelei a minha mãe. Meu sentimento em relação a ela mudou muito, não tinha mais ressentimento e nem sofrimento, pequenas coisas que ocorriam durante o decorrer do dia que eram insuportáveis ficaram leves e foram se resolvendo sozinhas. Uma coisa que me surpreendeu foi a mudança de comportamento do meu pai comigo, melhorou muito. Consegui sentir o amor e respeito que ele tem por

mim. Na segunda, constelei meu pai. Minha relação com ele ficou ainda melhor. Hoje ele faz coisas que jamais fez em 30 anos (...)"

Este tem se mostrado um trabalho realmente poderoso, mas é necessário dizer, não milagroso. Muitas vezes é inclusive necessário que o cliente – além de se comprometer com as mudanças – precise de algum outro tipo de tratamento.

Texto publicado no Jornal "O Aprendiz", em 2009.

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