TEXTOS DE ALUNOS DA TURMA IV

Escrito por Ana Lucia Braga

Sáb, 02 de Maio de 2015 08:46h.

 

Fenomenologia e Constelações Sistêmicas

Aluna Maria Silvia Torres Pacheco

 

Fenomenologia : o que é?

FENÔMENO : aquilo que se mostra, que aparece a nós. Aparece a nós primeiramente pelos sentidos.

LOGIA : capacidade de refletir, um discurso esclarecedor.

Filosofia que pretende o exercício de observar o mundo antes do conceito e da ideia, como um exercício de deslumbramento diante do mundo.

O principal autor dessa teoria é Edmund Husserl (1859-1938). Teve grande influência na filosofia contemporânea. Suas origens estão em Platão e Descartes.

O conceito básico da fenomenologia é a noção de intencionalidade. Esta intencionalidade é da consciência que sempre está dirigida a um objeto. Isto tende a reconhecer o princípio que não existe objeto sem sujeito.

Na perspectiva de Husserl que Merleau-Ponty também adota, tudo o que conhecemos do mundo, sabemos através da nossa própria vivência, da nossa experiência singular.

Visão de mundo

O mundo existe antes das nossas análises ou reflexões, ele é a fonte de todos os nossos pensamentos e de todas as percepções, é neste mundo que nós estamos inseridos e que comunicamos com os outros.

Para alcançarmos o verdadeiro sentido do mundo não nos podemos deixar cair na teia das análises reflexivas e aniquilar a própria reflexão, caindo numa “subjetividade invulnerável”, ausente de ser e de tempo.

Não podemos ignorar a reflexão como acontecimento, uma vez que ela manifesta-se como uma verdadeira criação, em que o mundo é dado ao sujeito porque “o sujeito é dado a si mesmo”.

Na verdade para Merleau-Ponty (1908-1961), filósofo fenomenológico francês, a fenomenologia é o estudo das essências.

No fundo o homem é o que é porque está no mundo e é neste que ele se conhece, o mundo surge como a casa ou fonte das minhas percepções e nunca o contrário, como nos faziam crer os dogmáticos.

A fenomenologia descreve os fatos, não explica e nem analisa. Seu principal objeto é o mundo vivido, ou seja, os sujeitos de forma isolada.

“Ao quebrar o silêncio a linguagem realiza o que o silêncio pretendia e não conseguiu obter”.

“Para ser completamente Homem, indispensável se torna ser um pouco mais e um pouco menos do que o homem”.

 “Quando percebo, não penso o mundo, ele organiza-se diante de mim”.

Maurice Merleau-Ponty

“Eu existo, e tudo o que não sou eu, é um mero fenômeno que se dissolve em ligações fenomenais”.

“Pelo fato de conceber ideias, o homem se torna um homem novo, que, vivendo na finitude, se orienta para o polo do infinito”.

Constelação familiar sistêmica: é um método psicoterapêutico, com abordagem sistêmica fenomenológica, de fundo filosófico, desenvolvido pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger.

Hellinger desenvolveu seu método a partir de observações empíricas, fundamentadas em diversas formas de psicoterapia familiar, dos padrões de comportamentos que se repetem nas famílias ao longo das gerações.

Hellinger descobriu alguns pontos esclarecedores sobre a dinâmica da sensação de“consciência leve” e “consciência pesada”, e propôs uma “consciência de clã” (consciência de alma, no sentido que dá movimento, que anima), que se norteia por “ordens” arcaicas simples, que ele denominou de “ordens do amor”, e demonstrou a forma como essa consciência enreda inconscientemente na repetição do destino de outros membros do grupo familiar.

Essas ordens do amor referem-se a três princípios norteadores:

- a necessidade de PERTENCER ao grupo ou clã

- a necessidade de EQUILÍBRIO entre o dar e o receber nos relacionamentos

- a necessidade de HIERARQUIA dentro do grupo ou clã

As ordens do amor são forças dinâmicas e articuladas que atuam em nossas famílias ou relacionamentos íntimos. Percebemos a desordem dessas forças sob a forma de sofrimento e doença. Em contrapartida, percebemos seu fluxo harmonioso como uma sensação de estar bem no mundo.

A “Constelação Familiar” consiste em um método no qual o cliente apresenta uma questão e, em seguida, o constelador solicita informações de fatos acerca da vida de membros de sua família, como mortes precoces, suicídios, assassinatos, doenças graves, casamentos anteriores, números de filhos ou irmãos e abortos.

Com base nessas informações, solicita-se ao cliente que escolha pessoas do grupo para representar ele mesmo e membros do grupo familiar. Esses representantes são dispostos no espaço de trabalho de forma a representar como o cliente sente que se apresentam as relações entre tais membros. Em seguida, guiado pelas reações desses representantes, pelo conhecimento das ordens do amor e pela sua conexão com o sistema familiar do cliente, o constelador conduz, quando possível, os representantes até uma imagem de solução onde todos os representantes tenham um lugar e se sintam bem dentro do sistema familiar.

É importante deixar claro que uma constelação, em muitos casos, não significa a solução imediata do tema abordado pelo cliente, e sim o início de um processo que tem grandes possibilidades de ser bem sucedido.

Usadas em consultórios ou em grupos, as Constelações Familiares trabalham problemas de emaranhamentos ligados aos ancestrais, conexões inconscientes que são determinantes para o sucesso ou insucesso das questões pessoais, afetivas e profissionais.

No trabalho individual em consultório, as constelações utilizam bonecos ou âncoras como recursos terapêuticos que ajudam no diagnóstico, intervenção e tratamento dos mais variados problemas de saúde, relacionamento afetivo, desenvolvimento profissional, etc.

As Constelações Familiares se encontram baseadas na constatação de que estamos ligados ao nosso sistema familiar, um vínculo forte de pertencimento ao nosso sangue que provoca dinâmicas inconscientes as quais passamos a viver como se fossem destinos a cumprir. Para podermos pertencer, assumimos destinos de gerações anteriores e só conseguimos perceber isso nos sofrimentos vividos, nas doenças e aflições que se mostram em nosso cotidiano.

O trabalho do constelador é harmonizar as conexões multigeracionais, redirecionando o cliente para a paz em sua alma.

Hellinger apurou sua forma de trabalho para um desenvolvimento ainda mais abrangente, que ele denominou “movimentos da alma”. Que abrangem contextos mais amplos do que o grupo familiar, tais como o grupo étnico.

A abordagem pode ter várias aplicações práticas, devido aos seus efeitos esclarecedores no campo das relações humanas: melhoria das relações familiares, das relações interpessoais nas empresas e das relações no ambiente educacional.

O método utilizado pelas Constelações Familiares não se deixa ser validado empiricamente por métodos de investigação científicos, daí só pode ser defendido numa abordagem fenomenológica.

É uma abordagem empírica baseada na própria percepção do cliente e dos representantes.

 

Referências bibliográficas:

Mordim, Battista. Curso de Filosofia: Os filósofos do Ocidente. Vol. 3. São Paulo: Paulinas,1987. Hellinger, Bert. Ordens da Ajuda. Goiânia- Goiás: Altman, 2013.  Hellinger, Bert. Ordens do Amor. São Paulo: Cultrix, 2007.

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Ana Lucia Braga

Consteladora Sistêmica

Coordenadora Espaço Terapêutico Isis
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