O TIO AVÔ OU O JOVEM E A MORTE NA BICICLETA

Escrito por Ana Lucia Braga

Sáb, 21 de Fevereiro de 2009 15:30h.

 

Contarei a história de um rapaz de 19 anos, saudável, esportista, inteligente. Os acidentes o acompanharam durante toda sua vida. Quebrou pernas, braços, machucou rosto... a bicicleta sempre foi sua companheira nestas ocasiões. Atualmente, além da bicicleta, tem outros companheiros como maconha, “bala”, etc.; “mas só um pouco”, segundo ele. Os pais se desesperam, querem salvá-lo.

Os fatos que acompanham esta história são a morte do tio-avô, com a mesma idade que o rapaz tem hoje, de acidente com a bicicleta. Este, porém, não virou herói. Seu comportamento trouxe dores profundas aos pais, vergonha à família. O nome dele não era mais dito em família.

A família, como sistema, vive em um campo morfogenético, que traz uma memória coletiva, na qual estão armazenadas todas as informações importantes do/para o sistema. Os elementos individuais como parte do todo estão em ressonância com o todo. É como se nos movimentássemos como um rádio neste campo de memória, procurando a Ordem, o Equilíbrio do campo, mesmo que para isso nos conectemos com profundos sofrimentos. Isto acontece inconscientemente, envolve as dinâmicas do vínculo, imitação e identificação.

Um tio-avô excluído significa uma descompensação na Ordem Sistêmica, na Lei da Pertinência. O sobrinho nasce duas gerações depois, e identifica-se com ele, mesmo sem conhecê-lo ou saber de sua existência.

Segue-o em seu destino, como um rádio seguindo as ondas radiofônicas.

Comporta-se como ele. Pode mesmo chegar a morrer como ele morreu.

Não se concluiu enquanto ser humano, pois não se liberou do emaranhamento criado por amor, lealdade e fidelidade ao sistema que entrou em desequilíbrio quando o tio foi julgado, condenado e excluído.

A constelação sistêmica, lidando com fatos ocorridos no sistema, possibilita desatar os laços, os emaranhamentos, o retomar à própria vida a partir de um outro padrão, sem mais precisar estar implicado com a família pela repetição do sofrimento. A solução envolve o respeito, o sim incondicional ao sistema, além da tomada de seu lugar dentro da família, com gratidão e humildade.

O processo de “desidentificação” com o tio-avô significa olhar sua vida e sua morte com respeito, dar um lugar a ele no coração e reconhecer o lugar do tio, assim como o diferente lugar do rapaz no sistema.

Esta é a possibilidade de, como afirma Bert Hellinger, se liberar e se concluir.

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Ana Lucia Braga

Consteladora Sistêmica

Coordenadora Espaço Terapêutico Isis
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